Activity Dependent Neuroprotective Protein
Em cada célula do corpo humano existe um manual silencioso — o DNA — que orienta a formação de quem somos. Às vezes, uma pequena mudança em uma dessas páginas altera não o valor da vida, mas o modo como ela se expressa.
É o que acontece na Síndrome de ADNP, uma condição genética rara que afeta o desenvolvimento neurológico, físico e comportamental de forma muito particular em cada pessoa.
O gene ADNP (Activity Dependent Neuroprotective Protein) é responsável pela produção de uma proteína essencial para o crescimento e proteção dos neurônios.
Quando há uma mutação nesse gene, parte das instruções se perde, e o cérebro passa a desenvolver suas conexões de forma diferente.
Por isso, a síndrome de ADNP está dentro do espectro dos transtornos do neurodesenvolvimento genético, podendo compartilhar traços com autismo, TDAH, hipotonia, atraso global e dificuldades cognitivas.
Os sinais costumam aparecer cedo, ainda na primeira infância.
Cada criança tem um conjunto único de características, mas os sintomas mais frequentes incluem:
Atrasos motores (como sentar, engatinhar ou andar mais tarde)
Atraso na fala ou ausência de linguagem verbal
Traços do espectro autista (dificuldade de socialização, rigidez, hipersensibilidade sensorial)
Hipotonia (baixo tônus muscular)
Dificuldades cognitivas e de aprendizagem
Padrões de sono alterados
Problemas gastrointestinais ou alimentares
Características faciais leves e específicas da síndrome (às vezes sutis)
Mesmo com desafios, muitas crianças com ADNP demonstram forte afetividade, curiosidade, senso musical e sensibilidade emocional profunda — aspectos que se tornam pontos de apoio para o desenvolvimento.
O diagnóstico é feito por meio de testes genéticos, como o exoma completo ou painéis específicos de genes do neurodesenvolvimento.
A mutação é geralmente de novo, ou seja, não herdada dos pais, mas surgida de forma espontânea durante a formação do embrião.
O teste confirma a causa e ajuda a direcionar terapias mais adequadas, além de oferecer informações genéticas importantes à família.
O desenvolvimento de uma criança com Síndrome de ADNP exige mais do que protocolos: exige presença, sensibilidade e tradução.
Na neuropsicopedagogia, cada sinal — um gesto, um olhar, uma tentativa de fala — é uma porta para o aprendizado.
O trabalho busca compreender como o cérebro aprende, quais funções executivas precisam de suporte e como o ambiente pode ser ajustado para que o aprendizado aconteça com prazer e previsibilidade.
As funções executivas — como atenção sustentada, memória de trabalho, controle inibitório, planejamento e flexibilidade cognitiva — são os grandes organizadores da aprendizagem.
Em crianças com ADNP, elas costumam se desenvolver de forma desigual: algumas aparecem espontaneamente, enquanto outras precisam ser modeladas e fortalecidas no cotidiano.
Por isso, a intervenção não se limita à mesa de terapia: ela se espalha por brincadeiras, rotinas e pequenas escolhas diárias, onde a criança exercita pensar, antecipar e se autorregular.
A partir desse olhar, a psicopedagogia entra como mediadora entre a criança e o conhecimento:
ajuda a construir rotinas significativas, jogos de atenção e memória, estratégias de linguagem e leitura do mundo.
Tudo é pensado para ensinar o cérebro a aprender, respeitando seus circuitos, pausas e tempos de consolidação.
Já a ABA naturalística (Análise do Comportamento Aplicada em contextos naturais) completa o cuidado com um foco especial: transformar cada interação em oportunidade de vínculo e autonomia.
Aqui, brincar é comunicação.
Organizar o espaço é regular o corpo.
Nomear sentimentos é ensinar linguagem emocional.
Reforçar uma tentativa é expandir a autoconfiança.
Essas três áreas — neuropsicopedagogia, psicopedagogia e ABA naturalística — formam o coração do trabalho calma_mente:
um espaço onde a ciência encontra o afeto, e onde as funções executivas são cultivadas como raízes do desenvolvimento humano — com calma, presença e propósito.
Entender uma condição genética como a ADNP não significa definir uma limitação — mas reconhecer um modo diferente de funcionar, com suas próprias janelas de oportunidade.
Cada nova descoberta científica sobre o gene ADNP reforça que a neurodiversidade é parte natural da biologia humana.
E que o papel da família, da escola e dos profissionais é construir um ambiente que respeite ritmos, traduza sinais e celebre pequenas conquistas.
Sou Josy Faria, especialista em neuropsicologia, neuropsicopedagogia, psicopedagogia e ABA.
Atendo crianças neurodivergentes e suas famílias com foco em autonomia, regulação emocional e aprendizagem significativa.
O espaço calma_mente, em Goiânia, é um lugar de escuta, ciência e afeto — onde cada desenvolvimento é acompanhado com respeito, curiosidade e amor pelo que é único.
Se você é pai, mãe ou cuidador de uma criança com Síndrome de ADNP (ou suspeita), saiba:
há caminhos possíveis, reais e acolhedores. Você não está só.
No material para download, falaremos sobre como reconhecer e fortalecer as múltiplas inteligências em crianças com Síndrome de ADNP — e como transformar cada talento em ferramenta terapêutica e vínculo familiar.