Há vozes que curam, e vozes que confundem. A diferença nem sempre está nas palavras, mas no tom, no tempo e na intenção de quem fala.
Quando um adulto tenta ajudar e a criança ouve crítica, a conexão se perde no meio do caminho. Peg Dawson, referência mundial em funções executivas, lembra que nenhuma habilidade floresce sob o peso da humilhação.
“Você não desenvolve competências ouvindo sermões.
Aprende-se pela prática, pela escuta e pela relação.”
No coração da sua abordagem está uma ideia simples: as crianças aprendem melhor quando se sentem compreendidas. Antes de corrigir, é preciso entender. Antes de orientar, é preciso perguntar.
Dawson sugere um modelo que parece leve, mas muda completamente a forma como pais e educadores ensinam: a linguagem que convida, não impõe.
“Posso te contar uma ideia?”
“Como você se sentiu quando isso aconteceu?”
“O que você acha que poderia ajudar?”
Essas perguntas não apenas educam, elas restauram a autonomia e a dignidade. Transformam a fala em gesto, e o gesto em espaço de confiança.
Porque toda criança precisa, antes de obedecer, sentir-se vista.
E, talvez, este seja o segredo da comunicação calma_mente: falar menos para ouvir mais, corrigir menos para compreender melhor.
Inspirado nas reflexões de Peg Dawson sobre comunicação e empatiaPara refletir
Minha voz ensina ou ataca?
Quando foi a última vez que ouvi meu filho sem interromper?
Como posso transformar conselhos em conversas?
Este material faz parte da coleção calma_mente "Caminhos do cuidar".
Reprodução parcial permitida para fins educativos e não comerciais, desde que citada a fonte completa.
Mais informações: https://sites.google.com/view/josyfarianeuropsi/caminhos-do-cuidar#h.thy333u55qb6
© calma_mente | Josy Faria neuropsi
Há um tipo de amor que fala demais.
Fala por medo, por cansaço, por querer acertar.
Fala em forma de conselho, lição, discurso.
Fala — mas o que a criança ouve é só o som de não ser suficiente.
Peg Dawson, psicóloga e pesquisadora das funções executivas, diz que não se aprende a agir ouvindo discursos.
Aprende-se vivendo, observando, sentindo segurança para tentar.
“Você não desenvolve habilidades por meio de palestras”, ela diz. “Aprendemos a agir por meio da prática e da conexão.”
Quando os pais tentam corrigir cada erro, acabam ensinando medo — não autocontrole.
As funções executivas — essa rede invisível que coordena o planejar, o lembrar, o começar, o concluir — precisam de um espaço calmo para amadurecer.
Peg chama isso de progresso em anos, não em dias.
Hábitos se constroem devagar, no tempo do cérebro, não no tempo da ansiedade dos adultos.
Em vez de perguntas fechadas, ela propõe as que abrem janelas:
“O que você acha que poderia ajudar?”
“Posso compartilhar uma ideia?”
Essas pequenas pausas mudam tudo. Porque dizem à criança:
“Eu confio em você.”
É curioso: quanto mais queremos proteger, mais roubamos das crianças a chance de descobrir que conseguem.
Não há autonomia sem erro, nem resiliência sem tropeço.
O papel do adulto não é impedir quedas, mas garantir terreno macio o bastante para que elas aprendam a levantar.
E talvez o segredo da parentalidade calma_mente seja este:
substituir o controle pela confiança, e o medo pela curiosidade.
Para refletir
Em quais momentos minha fala vem do medo, e não da escuta?
O que muda quando pergunto antes de orientar?
Como posso ajudar uma criança a se sentir capaz, e não apenas corrigida?
Este material faz parte da coleção calma_mente "Caminhos do cuidar".
Reprodução parcial permitida para fins educativos e não comerciais, desde que citada a fonte completa.
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