A Linguagem do Sistema Nervoso
A desregulação não é uma falha, é uma forma de comunicação. Quando corpo e mente ficam sobrecarregados, o sistema nervoso fala por meio de sinais: tensão, retraimento, inquietação ou explosões emocionais. Compreender essa linguagem é a base para um cuidado compassivo, consigo mesmo e com os outros.
Pessoas neurodivergentes costumam ter sistemas nervosos naturalmente configurados para maior criatividade ou intensidade, e, por serem mais sensíveis, podem se desregular com mais facilidade ou de forma mais visível. Ainda assim, esses momentos também carregam as sementes da adaptação e do crescimento. Se olharmos com empatia, o que chamamos de “desregulação” pode, na verdade, ser um sinal da capacidade natural do corpo de tentar recuperar o equilíbrio.
Nosso sistema nervoso está constantemente avaliando o ambiente, decidindo se estamos seguros, em perigo ou ameaçados. Essas decisões não são conscientes; surgem de estruturas profundas e antigas, como o tronco encefálico e o sistema límbico. De acordo com a teoria polivagal (Stephen Porges), três estados principais guiam nosso comportamento:
Vagal ventral (conexão): estado de calma, sociabilidade e abertura.
Simpático (mobilização): reação de luta, fuga ou alta energia.
Vagal dorsal (desligamento): congelamento, colapso ou desconexão.
As transições entre esses estados acontecem continuamente. A desregulação ocorre quando o sistema fica preso, incapaz de retornar a um ritmo equilibrado após o estresse. Em mentes neurodivergentes, essas transições podem ser mais intensas, a recuperação mais lenta ou os gatilhos mais sutis.
Todo comportamento tem uma raiz biológica. Quando uma pessoa se recusa, chora ou se isola, seu corpo pode estar dizendo: “Eu não me sinto seguro agora.” Reconhecer isso muda tudo. Em vez de punir a reação, começamos a decodificá-la.
Compreender começa por dentro.
Antes de tentar mudar qualquer coisa, é preciso observar, com curiosidade e gentileza, o que acontece em nós.
Reflita:
Como o seu corpo sente a calma?
Como ele sente o estresse?
O que costuma ajudá-lo a voltar ao equilíbrio?
Ao perceber seus próprios ritmos, você também passa a enxergar com mais clareza os dos outros.
Entender pode ser o primeiro passo da regulação, um convite silencioso para estar presente, com o que é.
Aqui a ciência encontra a empatia,
uma união que está no coração do Calma_mente, by Josy Faria neuropsi.